terça-feira, 3 de junho de 2014

Um olhar sobre o preconceito

Um assunto da moda: preconceito. Acredito nunca ter sido tão discutido como nos dias atuais. Por isso, gostaria de traçar algumas linhas a respeito. O que norteia meu pensamento atual foi despertado há alguns anos atrás em uma aula de inglês. Ao dizer que não tinha nenhum tipo de preconceito, minha professora falou que eu não deveria ser tão ingênua porque todo mundo é preconceituoso em algum aspecto. E ela tem razão!

Pode soar estranho esta afirmativa, pois quando nos referimos à preconceito, algumas pessoas só pensam em machismo, racismo e não poderíamos deixar de fora a tão falada homofobia. Mas não, estas não são as únicas formas de discriminação!

Ao meu ver, o mais forte preconceito é contra pobre, até porque ele engloba outras formas de rejeição. Uma delas é o tal de "morar mal". Ah vai me dizer que você nunca soltou esta piadinha ou simplesmente não pensou "Como fulana mora mal" ou "Nossa, ele mora muito longe e lá é horrível". A pessoa pode realmente morar longe e o bairro ser super perigoso, mas ele/a pode perfeitamente amar aquele lugar! E o que você tem a ver com isso?

As roupas do pobre podem ser muito julgadas e mal-faladas. É feia, cafona, foi comprada na loja X ou Y. "Ai, que falta de bom-gosto! Nem sabe se vestir!" ou então "Tão fora de moda!" E aí? Quais dessas você já falou ou pensou?

E o preconceito linguístico então? Mais associado às classes mais baixas, ouvimos e lemos declarações do tipo "Como é burro!", "Não sabe nem escrever!", "Compra um dicionário" e daí para pior! E o irônico disso tudo é que eu já vi este tipo de declaração vir de pessoas que escrevem errado às vezes...

Também existe preconceito contra gente gorda, gente feia, que usa óculos ou é magro demais... Pessoas baixinhas ou muito altas podem sofrer implicância... E os deficientes? Esses já estão na categoria dos esquecidos pela sociedade.

Longe de querer soar como coitadismo, até porque isto não combina comigo, pessoas de pele tão clara quanto a minha podem ouvir piadinhas ridículas a respeito da falta de sol, possibilidade de anemia, etc.

Não podemos nos esquecer dos nerds. Sempre julgados como esquisitos, fora do padrão, não sabem curtir a vida e tantos outros pensamentos descabidos. Eles fazem mal a alguém? Incomodam você?

Vamos falar de música. Se alguém gosta de rock pesado é drogado, se curte funk é favelado ou piranha... Quem curte pagode e samba discrimina quem curte rock e vice-versa. Já vi gente dizendo que nunca namoraria pagodeiro! Só pelo simples fato do outro curtir este estilo musical!

E para encerrar, pois se ficar aqui citando cada tipo de discriminação não terminarei nunca, quero falar do aspecto religioso. Bom, este é bem delicado e daria muita discussão. Quem nunca falou mal da religião alheia??? "Macumba não é coisa de Deus!", "Espiritismo é coisa do diabo", "Crente do cú quente", "Muito fanático!", "Só quer saber de igreja!". Ou ainda pior "Ele não deve ser boa pessoa, nem tem religião!".

Gente, por favor! Religião ou a falta dela não determina caráter nem o nível de bondade de ninguém! Existem pessoas de todos os tipos em todas as religiões. Muitos ateus são pessoas caridosas e bondosas e ouso dizer até mais que os religiosos, pois seus motivos de ajudar o próximo não são motivados pela necessidade de agradar algum deus ou por temê-lo.

Espero ter levado o leitor a uma reflexão. Não significa que você é melhor que o outro só porque discrimina um grupo diferente.  Então, antes de apontar o dedo na cara de alguém e julgá-lo, pense em que ponto VOCÊ precisa melhorar.